DSS #063 | Outubro Rosa: Conscientização e Prevenção ao Câncer de Mama

O mês de outubro marca mundialmente a campanha Outubro Rosa, um movimento dedicado à conscientização sobre o câncer de mama e à importância da detecção precoce. Criada para informar e mobilizar a sociedade, a iniciativa também promove o diálogo sobre prevenção, diagnóstico, tratamento e apoio às pessoas afetadas pela doença.

O que é o câncer de mama

O câncer de mama é uma doença causada pela multiplicação desordenada de células anormais na mama, formando um tumor que pode invadir tecidos vizinhos ou se espalhar para outras partes do corpo (metástase). Embora mais comum em mulheres, também pode acometer homens, representando cerca de 1% dos casos.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama é o tipo mais incidente entre as mulheres no Brasil, excluídos os casos de câncer de pele não melanoma. A estimativa para o triênio 2023–2025 indica mais de 73 mil novos casos por ano, o que corresponde a uma taxa de aproximadamente 41 diagnósticos a cada 100 mil mulheres.

Fatores de risco e causas associadas

As causas do câncer de mama são multifatoriais. Envolvem fatores genéticos, hormonais e comportamentais, além de aspectos ambientais. Entre os principais fatores de risco estão:

• Idade superior a 50 anos;
• Histórico familiar da doença (mãe, irmã ou filha com diagnóstico prévio);
• Primeira menstruação precoce (antes dos 12 anos) e menopausa tardia (após os 55 anos);
• Primeira gestação após os 30 anos ou ausência de gravidez;
• Uso prolongado de hormônios sem acompanhamento médico;
• Obesidade, sedentarismo e alimentação rica em gorduras saturadas;
• Consumo excessivo de álcool e tabagismo.

A presença desses fatores não determina, por si só, o desenvolvimento da doença, mas aumenta o risco. Por isso, o acompanhamento médico regular e a adoção de hábitos saudáveis são essenciais para a prevenção.

Detecção precoce: a chave para salvar vidas

O diagnóstico precoce é o ponto mais importante no enfrentamento do câncer de mama. Quando identificado nas fases iniciais, o tratamento apresenta alto índice de sucesso — com taxas de cura que ultrapassam 90%.

O principal exame para rastreamento é a mamografia, capaz de detectar lesões ainda não palpáveis. O Ministério da Saúde recomenda que mulheres entre 50 e 69 anos realizem o exame a cada dois anos, como parte do programa nacional de rastreamento.

Autoexame e autoconhecimento corporal

O autoexame das mamas deve ser encarado como uma ferramenta complementar, não substitutiva à mamografia. Sua função é estimular o autoconhecimento e a percepção de alterações no corpo. Ele pode ser feito mensalmente, de preferência entre o sétimo e o décimo dia após o início da menstruação.

No autoexame, a pessoa deve observar:

• Alterações na forma ou tamanho das mamas;
• Presença de nódulos ou endurecimentos;
• Alterações na pele (retrações, vermelhidão ou aspecto de “casca de laranja”);
• Secreções mamilares, especialmente com sangue;
• Inchaço ou dor persistente nas axilas ou mamas.

Tratamento e acompanhamento multidisciplinar

O tratamento do câncer de mama é individualizado e depende do estágio da doença, do tipo de tumor e das condições gerais da paciente. Pode envolver uma ou mais das seguintes abordagens:

• Cirurgia: retirada parcial ou total da mama afetada (quadrantectomia ou mastectomia);
• Radioterapia: aplicação de radiação para destruir células cancerígenas remanescentes;
• Quimioterapia: uso de medicamentos para eliminar ou reduzir as células tumorais;
• Terapia hormonal: bloqueio da ação de hormônios que estimulam o crescimento do tumor;
• Terapia-alvo e imunoterapia: opções mais recentes, que atuam de forma específica em mecanismos moleculares do câncer.

O acompanhamento psicológico e fisioterapêutico é essencial para a recuperação física e emocional. A reabilitação pós-tratamento deve incluir cuidados com a autoestima, exercícios para prevenir linfedema (inchaço do braço) e suporte social contínuo.

Aspectos emocionais e apoio social

O impacto psicológico do diagnóstico de câncer de mama é profundo. Medo, ansiedade e insegurança são sentimentos comuns que exigem acolhimento e suporte emocional. O acompanhamento psicológico, o diálogo com a família e a participação em grupos de apoio têm papel fundamental na recuperação integral da paciente.

O enfrentamento da doença não se resume ao tratamento médico: envolve também o fortalecimento emocional, a autoestima e o resgate da confiança. O suporte da rede social, o ambiente de trabalho acolhedor e o respeito às limitações temporárias contribuem significativamente para o processo de cura.

O papel das empresas e instituições

Organizações públicas e privadas têm grande potencial de influência na disseminação de informações e na promoção da prevenção. Durante o mês de outubro, é recomendável que empresas realizem ações como:

• Palestras educativas com profissionais de saúde;
• Campanhas internas de conscientização e doação de lenços ou próteses;
• Distribuição de materiais informativos e cartilhas de prevenção;
• Iluminação de fachadas e prédios com a cor rosa;
• Promoção de dias temáticos com vestimentas rosa e mensagens de incentivo.

Tais iniciativas reforçam o compromisso social das organizações e contribuem para a criação de uma cultura de cuidado com a saúde e com o bem-estar coletivo.

Políticas públicas e acesso ao tratamento

No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) garante o acesso gratuito ao rastreamento e ao tratamento do câncer de mama. A Lei nº 11.664/2008 estabelece o direito ao exame mamográfico para todas as mulheres a partir dos 40 anos, e a Lei dos 60 dias (nº 12.732/2012) assegura que o tratamento tenha início em até 60 dias após o diagnóstico.

Apesar dessas garantias legais, ainda há desafios relacionados à cobertura de exames, desigualdade regional e demora nos encaminhamentos. Por isso, a conscientização da população e o fortalecimento das redes de atenção à saúde são fundamentais para garantir o acesso integral e humanizado ao cuidado.

Conclusão

O Outubro Rosa é mais do que uma campanha: é um movimento de empatia, solidariedade e responsabilidade social. A prevenção e o diagnóstico precoce são as ferramentas mais eficazes na luta contra o câncer de mama. Informar, apoiar e incentivar a busca por cuidados médicos são atitudes que salvam vidas.

Que a cor rosa, símbolo da campanha, inspire ações que ultrapassem o mês de outubro e se transformem em compromisso permanente com a saúde da mulher, o respeito e o cuidado com a vida.